Vazamento de dados: Entenda como proteger e ter mais segurança nos dados corporativos
No mundo em que vivemos, cada dia mais digital, os dados são parte essencial da vida, a todo o momento estamos criando e fornecendo dados para os mais variados veículos e entidades. Cadastros, criação de documentos, logins realizados, posts em redes sociais, envio de vídeos em plataformas de streaming, transações bancárias etc. Deixamos rastros por toda parte! Estes rastros podem ser monitorados, cruzados e combinados de forma com que esbocem um retrato bem preciso de quem somos, onde estamos e do que gostamos ou não. O costume de clicar em “eu aceito e concordo com os termos de uso e política de privacidade” sem sequer ler, nos leva a acreditar que nossos dados nem valem tanto assim. Afinal, a quem eles interessariam? Entretanto, escândalos relacionados a vazamentos de dados a até mesmo falta de transparência quanto ao uso de dados pessoais por parte de empresas públicas e privadas geraram reflexos. Por esse motivo, pessoas do mundo todo, têm se conscientizado quanto à falta de privacidade e segurança. Esse medo pelo suposto fim da privacidade é tão grande que foi iniciada uma corrida, em todo o mundo, para criar e aprovar leis que coloquem algum controle sobre a forma como dados são coletados, armazenados e utilizados pelas companhias. No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais nº 13.709/2018, também conhecida como LGPD, tornou-se agenda de discussão para executivos de empresas de todos os portes. Na União Europeia, a legislação aprovada também tem confortado muitos cidadãos. Dados no meio corporativo: coleta e utilização Para entender qual a importância dos dados, como são transformados em informação e como são utilizados estrategicamente, precisamos entender a base de tudo: Como eles são armazenados e tratados. Os dados se não forem tratados, são elementos desconexos sem nenhuma serventia, porém, quando tratados, são convertidos em informações úteis através de processos e atividades de inteligência, auxiliando departamentos, gestores e organizações em sua tomada de decisão. A coleta destes dados pode ser realizada de várias formas. Cadastros realizados em troca de algum material gratuito, dados de uso de um produto online, informações de sistemas de CRM, ERP e departamentos internos são apenas alguns exemplos. O diferencial competitivo está na utilização desses dados, para isso é feito um processo de extração e consolidação, os transformando em informações uteis. Depois de tratados, eles são armazenados em bases de dados com foco em análise. Existem alguns formatos para estas bases, tudo depende do tipo de estratégia adotada pela organização. Alguns exemplos: Data Warehouse: armazena apenas dados que já foram tratados ou modelados; Data Mart: enquanto o data warehouse é usado para múltiplas finalidades, o data mart funciona como uma subseção do data warehouse, formulada especificamente para um departamento ou função; Data Lake: armazena todos os dados, estruturados ou não, que são gerados através de diferentes processos e podem ser estruturados para o uso futuro. A utilização destes dados pode gerar novas estratégias, inovações em produtos e inteligência de negócios. A metodologia que coleta e analisa estes dados é o BI, ou Business Intelligence. Como um grande aliado das organizações na era digital, o Gartner estima que o mercado de BI e Business Analytics deve atingir a marca de US$ 22,8 bilhões ainda em 2020. Isso mostra como, cada vez mais, grandes corporações têm tomado suas decisões com base em dados coletados ao longo de sua existência. Portanto, a coleta de determinadas informações enriquece o negócio e o cruzamento delas pode traçar retratos trazer diversos tipos de insights, como por exemplo: dados de faturas, valores de contestações retroativas, o volume de multas por atraso no pagamento de faturas etc. De quem são os dados coletados? — O princípio do titular dos dados. Qual o critério do consumidor ao fornecer seus dados no decorrer do dia? Cadastros em troca de benefícios gratuitos não são analisados, termos de uso e políticas de privacidade recebem um “check” sem que sejam lidos. A persistência deste tipo de comportamento colocou em risco a privacidade de muitos cidadãos em escândalos envolvendo o uso de dados, como o caso Cambridge Analytica e o Brexit. Os acontecimentos chamaram a atenção da forma como nossos dados são tratados e processados sem transparência. O fornecimento de dados é subestimado pelo consumidor que acredita que, ao serem usados para fins publicitários, apenas recomendarão alguns produtos e serviços que, de fato, o interessarão. Será que é apenas isso? Você se lembra a última vez em que foi à farmácia, mas, para poder comprar os seus remédios, a instituição pediu seu CPF ou até te ofereceu um desconto em troca disso? Mediante o discurso de que é uma burocracia do sistema você fornece o CPF e leva os medicamentos para casa. Parece simples, mas essa situação pode se transformar em uma bola de neve complicada. Quais ações podem ser tomadas por uma indústria a partir do momento em que ela sabe, precisamente, qual tipo de medicamento você precisa? Além disso, ela pode cruzar este dado e entender com qual frequência você compra este medicamento e em qual região, por exemplo. A partir deste cruzamento, uma organização pode entender que você provavelmente tem uma doença relacionada ao tipo de medicamento que está adquirindo, portanto, aquele produto é uma de suas necessidades básicas. Muitos consumidores se sentem desconfortáveis diante desta situação. No exemplo, foram utilizados dados relacionados à saúde. Estas informações são consideradas dados sensíveis dentro do conjunto de dados pessoais, ou seja, podem gerar algum tipo de discriminação em caso de vazamento, portanto devem ser tratados de forma especial. Para a Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD, os dados sensíveis e que estão sujeitos a condições de tratamento específicas são: Dados pessoais que revelem a origem racial ou étnica, opiniões políticas e convicções religiosas ou filosóficas; Filiação sindical; Dados genéticos e dados biométricos tratados simplesmente para identificar um ser humano; Dados relacionados com a saúde; Dados relativos à vida sexual ou orientação sexual de uma pessoa. Claro que, para a LGPD, um dado pessoal só pode ser tratado se seguir um ou